estudar para vencer

PARQUE ESTADUAL SUMAÚMA

06/04/2020 20:49

Por: 

Ercilene do Nascimento Silva de Oliveira

Augusto Fachín Terán

https://ensinodeciencia.cms.webnode.com.br/news/parque-estadual-sumauma/

 

APRESENTAÇÃO

 

Manaus, capital do Estado do Amazonas é uma cidade com diversos Espaços Não Formais institucionalizados, que se apresentam como alternativa para serem usados no processo de ensino-aprendizagem pelos professores da Educação Infantil e Básica. As escolas podem aproveitar o potencial pedagógico destes ambientes em visitas guiadas com seus alunos a fim de ampliar o seu conhecimento sobre a biodiversidade e a história da Amazônia em um ambiente natural, prazeroso, com o entretenimento associado ao saber científico.

O Grupo de Estudo e Pesquisa de Educação em Ciências em Espaços Não Formais (GEPECENF) vinculado ao Programa de Pós Graduação em Educação e Ensino de Ciências na Amazônia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), diante do potencial destes espaços, passa a apresentar em seu site, informações gerais sobre esses ambientes a fim de repassar conteúdos diversos sobre a estrutura dos mesmos. Nosso objetivo é oferecer informações gerais sobre cada um desses espaços. Em alguns livros publicados pelo grupo há listas com os nomes e endereços dos espaços não formais de Manaus, trazendo também detalhamentos de pesquisas científicas desenvolvidas nestes locais. 

 

PARQUE ESTADUAL SUMAÚMA

 

O Parque Estadual (PAREST é a designação que usaremos para este parque) Sumaúma está localizado na rua Bacuri, s/n, no bairro da Cidade Nova que abriga um contingente de 146 mil pessoas (https://www.sedecti.am.gov.br/manaus-350-anos-populacao-cresceu-12-mulheres-sao-maioria/). A unidade fica situada na Zona Norte, considerada a maior da capital amazonense. Foram os moradores que em junho de 2000 apresentaram à Prefeitura de Manaus um abaixo assinado pedindo a criação de um parque na região. E devido as terras serem de domínio estadual, a demanda foi encaminhada ao governo (FONTES; RIBEIRO, 2010, p. 97). Então surgiu em 05 de setembro de 2003 a partir do decreto n. 23.721, o PAREST Sumaúma. O segundo da região metropolitana de Manaus, com área equivalente a 52,62 ha. Proporcionalmente, se compararmos o espaço da unidade com um campo de futebol, podemos determinar que na região onde está situado o Parque Sumaúma seria possível abrigar o equivalente a 74 campos de futebol (https://www.convertworld.com/pt/area/campo-de-futebol.html). Conforme levantamento da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), o Amazonas tem o total de 07 (sete) Unidades de Conservação com a denominação de parques. Duas estão situadas em Manaus e seus arredores. Sendo o primeiro denominado de Parque Rio Negro com abrangência de extensões de terra entre os municípios de Manaus e Novo Airão. Portanto, o PAREST Sumaúma é o único com esta designação em região urbana da capital.

Entrada do Parque

Entende-se como objetivos das unidades chamadas de parque (https://meioambiente.am.gov.br/parque-estadual/) a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, onde possam ser realizadas pesquisas científicas, atividades de educação ambiental e de recreação levando em consideração o contato com a natureza e o turismo ecológico. E o que não falta para o visitante são cenários belíssimos de contato com a floresta amazônica. A árvore que dá nome ao parque, a Sumaúma (Ceiba pentandra), é abundante no ambiente. Esta espécie de grande porte chega até 50 metros de altura e pode medir até 2 metros de diâmetro. Também chama a atenção suas raízes, normalmente enormes, e desenvolvidas ao longo do tronco (SOUZA et al, 2005, p. 10). O visitante encontrará um grandioso exemplar dessa espécie ao percorrer uma das trilhas do parque.

Arvoré de Sumaúma

E por falar em trilhas, são elas que levam os visitantes a conhecerem os diferentes ecossistemas do Sumaúma, em um passeio orientado por guias do local, é possível investigar de perto mais sobre a fauna e a flora da região amazônica, permeado com a cultura indígena e o folclore da região. Em meio à floresta foram erguidas gigantescas esculturas, confeccionadas por artistas amazonenses e que mesclam a lendas da região com a biodiversidade da Amazônia. Em 2014, o local ganhou o título de primeiro parque temático da região (https://www.acritica.com/channels/entretenimento/news/parque-sumauma-reabre-com-tematica-ambiental-em-manaus) e conforme reportagem publicada na época, na ocasião recebeu enormes esculturas produzidas pelo artista plástico parintinense Jair Lima. Dentre os temas abordados, e ainda presentes no parque, estão a Mãe Natureza, o Santuário das Espécies, a Árvore da Vida e tantas outras figuras que associam as lendas da Amazônia com a biodiversidade da fauna e flora da região.

Parque encantado da criança

A possibilidade de trabalhar as histórias contadas pelos homens da região e associar tudo isso ao ensino de Ciências é destacada pelo líder do GEPECENF, Dr. Augusto Fachín Terán, que em março deste ano, fez uma visita de prospecção no parque com alguns integrantes do grupo. Dr. Terán enfatiza: “Através das representações da fauna nós podemos trabalhar diversos elementos faunísticos que temos na Amazônia e ainda aproveitar para conhecer um pouco mais dessa rica biodiversidade que a região apresenta”. Durante a visita o líder do grupo destacou o papel do professor no ambiente: “Vai depender muito do que queremos fazer sobre o ensino de Ciências. Refiro-me ao conhecimento que o professor tem que ter sobre o meio ambiente amazônico porque se a gente percorre com o conhecimento pobre, claro que a gente não vai conseguir ver muita coisa. Mas quando você já tem conhecimento sobre o solo, plantas, animais, lendas, então podemos trabalhar o ensino de Ciências com nossas crianças, jovens, e adultos no parque do Sumaúma”, ressaltou o professor, pesquisador na área de ensino de Ciências em espaços não formais.

Esculturas sobre lendas da região Amazônica

Sobre as pesquisas científicas possíveis no PAREST Sumaúma, destacamos duas realizadas com o foco no ensino. Enfatizamos primeiramente um estudo realizado em 2010 com o título “Parque Estadual Sumaúma em Manaus: Considerações sobre a Educação Ambiental e sua utilização para a Conservação do Local”. O artigo desenvolvido por Thalita Alencar Fontes e Karla Cristina Campos Ribeiro, teve por objetivo discutir a importância da Educação Ambiental e o estímulo à visitação por parte da comunidade no entorno do PAREST. Ressaltamos ainda um outro estudo mais recente, elaborado em 2016, cujo título é “A Educação Não Formal sobre Biodiversidade Amazônica: o caso do Parque Estadual Sumaúma, em Manaus, Am”, escrito por Lana Cynthia Silva Magalhães e a Dra. Maria Clara Silva-Forsberg. No artigo foi investigado como o Parque promovia a educação para a conversação da biodiversidade com seus visitantes. Nota-se, portanto, que há grande potencial pedagógico e de investigação científica no ambiente. É preciso identificar e explorar o que se apresenta no ambiente. E para isso é preciso percorrer e observar todos os elementos disponíveis no local.

Guardião do solo sagrado

A observação é possível no percurso das trilhas. São 05 (cinco) acessíveis no Sumaúma. E para conhecer, basta chegar ao local no horário disponível à visitação: de terça a domingo das 08h00min às 17h00min. As trilhas disponíveis para passeio são chamadas de: escada de jabuti; buritizal, nascente do igarapé da goiabinha, jupará e da sumaumeira. Todas sinalizadas e com legendas em português e Inglês. As placas informativas estão posicionadas ao longo do percurso e orientam os visitantes sobre como chegar aos diferentes pontos do parque. Sobre o público presente no espaço, Magalhães e Silva-Forsberg (2016) demonstraram em estudo, que ele é formado basicamente por estudantes do entorno do Parque, no entanto, as visitas não são regulares. Há períodos com uma frequência maior de público estudantil, como na Semana do Meio Ambiente, ocasião em que ocorrem atividades diversas em torno do tema (MAGALHÃES; SILVA-FORSBERG, 2016, p. 4).

Trilha cimentada

Durante o percorrido nas trilhas cimentadas do parque, com sorte, será possível encontrar pelo caminho, animais amazônicos como, por exemplo, o sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) que segundo o Livro Vermelho da Fauna brasileira Ameaçada de Extinção (ICMbio, 2018) só existe em nossa região e desde 2013, é considerada uma espécie criticamente em perigo, significa dizer que o pequeno macaco, comum nas matas de Manaus, está enfrentando um risco extremamente alto de extinção na natureza. Daí a importância da preservação de fragmentos de mata em área urbana da capital amazonense. Ao visitar uma unidade de conservação, como o Parque Sumaúma, por exemplo, além de ver de perto espécies vulneráveis e ameaçadas como o saium-de-coleira, o visitante também poderá observar outros animais da fauna amazônica (https://uc.socioambiental.org/pt-br/arp/3553), como a preguiça-de-bentinho (Bradypus variegatus), a cutia (Dasyprocta aguti), iguana (Iguana iguana) e uma variedade enorme de insetos. Nesses espaços a observação é fundamental para encontrar essas raridades da natureza em nosso caminho.

Levando-se em consideração o potencial emergente para o ensino de Ciências presente no PAREST Sumaúma, o professor pode aproveitar o ambiente para planejar e organizar visitas guiadas com seus alunos a fim de promover maior interação do estudante da Amazônia com o meio ambiente que o cerca.

 

Referências:

ICMBio. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção. Brasília/DF, 2018.

FONTES, A. T.; RIBEIRO, C. C. K. Parque Estadual Sumaúma em Manaus: considerações sobre a educação ambiental e sua utilização para a conservação local. Revista eletrônica Aboré. Manaus, edição 05 dez, 2010.

MAGALHÃES, S. C. L.; SILVA-FORSBERG, C. M. A educação não formal sobre biodiversidade amazônica: o caso do Parque Estadual Sumaúma, Manaus, Am. Latin American Journal of Science Education. 3, 22001, 2016.

SOUZA, R. C. de. et al. Sumaúma (Ceiba pentandra (L.) Gaerth). Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental, 2005.

 

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